O ritmo da economia de Moçambique contraiu-se 3,25% no segundo trimestre de 2020 face ao mesmo período do ano passado, depois de ter registado o crescimento positivo de 1,68% no primeiro trimestre.
Este fraco desempenho da economia no segundo trimestre deveu-se à conjugação do desempenho negativo de vários sectores, com destaque para hotelaria e restauração que reduziu em 35,84%, indústria extractiva com uma redução de 25,55%, comércio e serviços de reparação com uma redução de 5,69%, indústria transformadora com uma redução de 5,32%, transportes, armazenagem, informação e comunicações com uma redução de 4,68% e pescas com uma redução de 1,83 (INE, 2020).
O fraco desempenho destes sectores é explicado principalmente pelos efeitos das medidas tomadas com vista a minimizar os efeitos da pandemia da COVID-19. Como forma de minimizar estes efeitos, foram tomadas medidas de política fiscal e monetária para salvaguardar o emprego e estimular a actividade económica, medidas estas que vão desde a aprovação de isenção de pagamento de IVA para o óleo e produtos higiénicos até a introdução de uma linha de crédito de 500 milhões de dólares pelo Banco Central entre outras.
Contudo, estas medidas de política fiscal e monetária adoptadas para fazer face a esta pandemia não foram suficientemente eficazes para contornar o impacto negativo das medidas de contenção do governo com vista a mitigar o efeito da COVID-19 na economia e na sociedade. A falta de diversificação da economia, a débil situação do sistema de segurança social, a falta de transparência das contas públicas, a governação não inclusiva, constituíram os principais empecilhos para a eficácia das políticas adoptadas no primeiro semestre de 2020. Portanto, o país não tem capacidade de sustentar medidas de Estado de Emergência por períodos prolongados.
Neste sentido, urge a necessidade de diversificação efectiva da economia por forma a torná-la mais resiliente a choques extremos. Adicionalmente, tendo-se verificado um desempenho favorável do sector da agricultura, há que potenciar e fortalecer ainda mais os programas de fomento agrícola. Em prol da transparência, ressalta-se a necessidade de melhoria dos mecanismos de divulgação de informação dos gastos públicos no geral e dos gastos efectuados para fazer face a COVID-19, em particular.
Destaca-se ainda a relevância de uma planificação inclusiva que envolva os grupos potencialmente mais vulneráveis, mulheres e jovens inseridos no sector informal, visto que estes são os que mais se ressentem dos impactos adversos despoletados pela pandemia e pelas restrições impostas pelo Governo.