Filipe Jacinto Nyusi (FJN) está a cerca de dois anos do final do seu segundo e último mandato enquanto Presidente da República (PR). Logo depois de ter sido eleito para o primeiro mandato, no discurso da tomada de posse, a 15 de Janeiro de 2015, o PR focou a sua atenção no combate à corrupção no país. De igual modo, durante a sua investidura para o segundo mandato, a 15 de Janeiro de 2020, FJN voltou a referir que não haveria tréguas na luta contra a corrupção. No entanto, o discurso político de combate à corrupção proferido por FJN em 2021, aquando da cerimónia anual com o corpo diplomático acreditado em Moçambique e cerca de 7 anos do início do seu magistério enquanto chefe de Estado, mostrou sinais de alarme. FJN afirmou na ocasião, referindo-se ao estágio da corrupção no país, que “[o] aumento de casos assusta-nos”. Referiu, ainda, que o número de processos de corrupção havia registado um crescimento de 991 casos, em 2019, para 1.280, em 2020, uma subida de 40.5%4″. No entanto, a subida de processos/casos de corrupção demonstra que o discurso político de combate à corrupção proferido de forma repetida por FJN não foi acompanhado pela produção e implementação de medidas concretas com vista a controlar o fenómeno corruptivo no país. A título ilustrativo, de 2014 (último ano do mandato de Armando Guebuza) para 2015 (primeiro ano do mandato de Filipe Nyusi), houve uma subida de 1,4% nos processos de corrupção e, em 2020 e 2021, registou-se um incremento de 24,8% e 23,3% respectivamente.
